A castração prolonga a vida do gato mas exige mudança na alimentação

Um dos pilares da posse responsável de gatos e cães é a esterilização. Além de ser lei em alguns municípios, como São Paulo, para evitar a proliferação de filhotes indesejados e o abandono de animais, o procedimento traz diversos benefícios aos felinos. Popularmente conhecida como castração, a esterilização é um procedimento cirúrgico muito comum, utilizado para evitar a reprodução de modo definitivo em animais de estimação.

Estudos mostram que um gato castrado pode viver até duas vezes mais do que um gato inteiro (que não passou pelo procedimento), além de sair menos de casa e, portanto, ser menos suscetível a doenças infecciosas contraídas na rua, a acidentes, traumatismos, intoxicações e maus tratos.

Normalmente, costuma-se castrar gatos entre 6 e 10 meses de idade, mas não há nenhum problema em se castrar gatos mais jovens ou adultos. Alguns pesquisadores citam que a castração precoce reduz o risco de câncer de mama nas gatas em até 86%.

É preciso lembrar, no entanto, que a castração causa uma alteração no metabolismo e no comportamento dos gatos. “A necessidade energética dos gatos muda após a esterilização, o que pode causar sobrepeso se não forem adotados alguns cuidados com a alimentação”, explica a Dra. Sandra Nogueira, médica veterinária da Royal Canin do Brasil. Veja a seguir o que muda.

Necessidade energética

Estudos mostram que o gato castrado fica menos ativo fisicamente, e consequentemente gasta menos energia. “O proprietário pode perceber que o gato fica mais ‘preguiçoso’, anda menos pela casa e diminui as brincadeiras”, conta a Dra. Sandra. “Se ele continuar ingerindo o mesmo alimento de antes, na mesma quantidade, pode acabar com sobrepeso.”

Maior ingestão de alimentos

Em até dois dias após a cirurgia, o gato castrado aumenta a sua ingestão voluntária de alimentos. Em gramas, um macho esterilizado come 26% a mais que o gato inteiro, e a fêmea castrada come 18% a mais. “Aliado a um estilo de vida menos ativo, este aumento na ingestão é mais um fator para o sobrepeso”, ressalta a veterinária. Pesquisas comprovam que os gatos castrados são 3,4 vezes mais propensos a ganhar peso do que os gatos inteiros.

Cálculos urinários

Gatos esterilizados tem chances 7 vezes maiores de desenvolverem urólitos (cálculos urinários) de oxalato de cálcio e 3,5 vezes maiores de se formarem urólitos de estruvita. A presença de urólitos pode causar dor e dificuldade para urinar, além do aparecimento de sangue na urina. Segundo a Dra. Sandra, em alguns casos, para a remoção destes cálculos é necessária a realização de um procedimento cirúrgico. A escolha de um alimento adequado, que promova a diluição da urina, também pode ajudar na prevenção.

Estar atento a estas alterações no metabolismo do gato castrado é fundamental. É de grande importância que os proprietários recebam orientações do Médico-Veterinário antes e após a esterilização para que fiquem cientes dos cuidados que devem ser tomados para garantir a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida do animal como, por exemplo, oferecer uma alimentação adequada, que respeite suas mudanças metabólicas. “Prosseguir em acompanhamento com o Médico-Veterinário durante toda a vida do gato castrado é essencial”, garante a Dra. Sandra.

fonte: Royal Canin /Kraft, 1998; Belsito, KR., 2009; Kanchuk, ML et al, 2003; Lekcharoensuk, C et al., 2000; Scarlett, JM et al., 1994.

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