Anomalias congênitas são doenças que afetam a cabeça dos animais, causando doenças neurológicas
Problemas no sistema nervoso não são exclusivos dos seres humanos, cachorros e outros animais também podem apresentar estes distúrbios. As causas para estas situações podem ser diversas, mas são comumente associadas às questões genéticas e/ou infecciosas. Assim, doenças neurológicas em cães podem ser desenvolvidas como consequência de outras doenças.
De acordo com a veterinária Mirela Ribeiro, em entrevista à Revista Encontro, do Jornal Estado de Minas, existem múltiplas causas que explicam as doenças neurológicas em cães. “Existem doenças curáveis e outras não. Mesmo com a evolução da Medicina animal, existem muitas doenças ainda sem causas conhecidas, entretanto, há fatores genéticos, micro-organismos, tóxicos, entre outros, que levam a lesões no sistema neurológico”, afirma a especialista.
Genética e infecções como causas de doenças neurológicas
Anomalias congênitas são doenças que afetam a cabeça dos animais, causando doenças neurológicas. A hidrocefalia é um exemplo disso. Neste caso, o paciente apresenta um acúmulo excessivo de líquido cefalorraquidiano (LCR) no crânio, podendo afetar apenas um lado do cérebro ou os dois.
Mas, além desse distúrbio ainda há outras causas para as afecções neurológicas nos cães, como doenças inflamatórias ou autoimunes, responsáveis por causarem danos cerebrais. Há também os problemas infecciosos que ao surgirem no organismo dos caninos podem desencadear sinais neurológicos.
Um exemplo clássico de doenças infecciosas é a cinomose, uma enfermidade viral que afeta diversos sistemas do cachorro. Em casos mais graves, quando o animal está muito vulnerável, a doença acaba atingindo o sistema nervoso central e/ou periférico do paciente.
Além da cinomose, é possível que a toxoplasmose também afete o sistema nervoso. Segundo alguns especialistas, hérnia de disco está entre as principais causas de doenças neurológicas.
Doenças neurológicas mais comuns em cães
- Epilepsia: marcada por convulsões, pode ser hereditária ou adquirida;
- Discopatias: problemas que afetam o disco interverterbral;
- Espondilose: mais conhecida como “bico de papagaio”;
- Acidente vascular central: popularmente chamada de AVC ou “derrame”;
- Cinomose: doença viral que acomete qualquer animal, independentemente de raça ou idade.
Raças mais propensas
Apesar das doenças neurológicas afetarem qualquer cachorro, algumas raças possuem maior predisposição, são elas: pug, yorkshire, maltês e pinscher. Todos eles possuem em comum a característica do porte muito pequeno, por isso estão categorizados como cães de raça Toy.
Sintomas comuns das doenças neurológicas
Ainda segundo Mirela Ribeiro, que também é consultora da Comissão de Animais de Companhia do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal, os sinais clínicos presentes podem variar dependendo da doença. “Convulsões, por exemplo, são indicativas de trauma no cérebro. Desequilíbrios podem indicar alterações no sistema vestibular ou no cerebelo; paralisias geralmente vêm de lesões na medula espinhal ou do sistema neuromuscular”, explica a médica.
Já para o professor de neurologia clínica, Otávio Pedro Neto, outros sintomas podem ser evidenciados em animais com problemas neurológicos, como: andar em círculos, inclinação da cabeça e alterações de comportamento como agressividade, depressão ou apatia.
“O paciente pode apresentar também ataxia, que é o andar descoordenado ou o andar de bêbado, paralisias ou paresias. Além de dor, quadro de dor intenso”, conta o veterinário.
Diagnóstico
“Doenças traumáticas, doenças infecciosas, doenças inflamatórias, doenças vasculares. Enfim, a gente tem um leque muito grande de doenças que podem causar os mesmos sintomas. E só um especialista pode chegar a um diagnóstico preciso da patologia ou das patologias que estão acometendo aquele paciente naquele momento”, afirma Otávio Pedro.
Por esta razão, assim que o dono perceber comportamentos incomuns no animal ou sinais de que a saúde dele não está muito bem, é imprescindível a busca por um veterinário. “Grande parcela dos atendimentos realizados no hospital estão associados a distúrbios neurológicos, seja por origem tumoral, seja por origem infecciosa, seja por origem vascular”, conta o veterinário Vitor Márcio Ribeiro.
Segundo ele, os exames estão mais evoluídos e por isso as causas são mais fáceis de serem diagnosticadas. “Faz parte da nossa rotina os exames por tomografia computadorizada, os exames por ressonância, os exames por coleta de material neurológico para diagnósticos precisos e tratamentos adequados”, finaliza Vitor Márcio.
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