FELV – Leucemia Viral Felina

FELV – Leucemia Viral Felina

O vírus da leucemia felina (FeLV) é um retrovírus que pertence ao gênero Gammaretrovirus. Ele permanece como uma importante causa de mortalidade em gatos por sua habilidade de causar imunossupressão, distúrbios de medula óssea e neoplasia. A triagem para infecção por FeLV continua a ser pouco realizada pelos veterinários.

Foram reconhecidos quatro subtipos diferentes de FeLV: FeLV-A, FeLV-B, FeLV-C, e FeLV-T. Cada subtipo usa um receptor diferente para entrar nas células. Todos os gatos infectados com FeLV-B, FeLV-C, e FeLV-T são coinfectados com FeLV-A, e somente o FeLV-A é transmitido entre os animais. Os outros subtipos, que são mais patogênicos, derivam do FeLV-A.

A transmissão do FeLV-A ocorre principalmente como resultado de contato prolongado e próximo com secreções salivares, como por exemplo, por lambidas, banhos mútuos, e recipientes de alimento e água compartilhados. A prevalência da infecção na América do Norte tem declinado nas últimas duas décadas, com testes e imunização mais abrangentes para a infecção. Atualmente, a prevalência global da infecção em populações mistas de gatos é de aproximadamente 1 a 6%. A idade média de gatos infectados com FeLV é de 3 anos. Isso reflete o fenômeno da resistência ao FeLV relacionada à idade.

PATOGÊNESE

O desfecho da infecção por FeLV depende da cepa do vírus envolvida e dos fatores que influenciam a função imunológica do hospedeiro. O FeLV replica-se no tecido linfoide oral, e depois em uma pequena porcentagem de monócitos e linfócitos circulantes. Alguns gatos desenvolvem sinais sistêmicos, como por lambidas, febre, letargia e linfadenopatia durante esse período. Os linfócitos infectados deslocam-se então para a medula óssea, onde o vírus infecta rapidamente células precursoras em divisão e subsequentemente as células linfoides e epiteliais no corpo todo. Assim que ocorre a infecção de células epiteliais dentro das criptas intestinais e glândulas salivares, o vírus é disseminado em quantidades massivas na saliva e fezes; ele pode também ser disseminado na urina.

Existem vários desfechos possíveis para a infecção por FeLV. O sistema imunológico de alguns gatos infectados consegue suprimir a infecção viral dentro de algumas semanas após a infecção, antes que ocorra infecção significativa da medula óssea. Esses gatos desenvolvem uma infecção regressiva, onde o DNA proviral está presente no genoma da célula hospedeira, porém a produção e disseminação do vírus não ocorrem mais. A infecção regressiva em geral ocorre em caráter permanente, porém ela pode ser reativada com imunossupressão. Em um período posterior na vida, uma porcentagem desconhecida de gatos com infecções regressivas pode desenvolver malignidades FeLV-negativas como resultado de integração do DNA viral dentro dos oncogenes celulares do hospedeiro. A transfusão de sangue de gatos com infecção regressiva para gatos virgens pode ser seguida de reativação do FeLV no gato que recebeu a transfusão. Gatos desenvolvem infecção progressiva assim que se estabelece o envolvimento da medula e, como resultado, ocorrem viremia persistente e doença relacionada ao FeLV progressiva. A infecção por FeLV progressiva leva a infecções oportunistas, neoplasia, anemia, doença imunologicamente mediada, distúrbios neurológicos, enterite e doença reprodutiva. Os tipos mais comuns de neoplasia em gatos infectados com FeLV são linfoma e leucemia. A anemia em gatos infectados com FeLV pode ocorrer como consequência de múltiplos mecanismos diferentes, incluindo redução na produção de hemácias e aumento da destruição de hemácias.

DIAGNÓSTICO

A infecção por FeLV é muitas vezes diagnosticada durante processos de triagem. A triagem deve ser realizada com ensaios ELISA para antígeno de FeLV. Idealmente, a condição de retrovírus de todos os gatos deveria ser conhecida, independentemente da presença ou ausência de doença. Apesar de alguns gatos positivos para o antígeno de FeLV não apresentarem sinais clínicos nem anormalidades em exame físico, deve ser feito um hemograma, painel bioquímico e exame de urina (e no mínimo um hemograma com avaliação de esfregaço) para avaliar anormalidades subjacentes que podem sinalizar a presença de distúrbios relacionados ao FeLV nesses gatos. O ensaio inicial de escolha para diagnóstico de infecção por FeLV é um ELISA que detecta no sangue o antígeno proteico solúvel do capsídeo p27. Quando o isolamento de vírus em cultura era utilizado como padrão ouro, a sensibilidade de 7 ensaios diferentes variava de 92,1 a 96,8%, e a especificidade variava de 95,4 a 99,2%.

ELISA

Quando são utilizados ensaios ELISA como testes de triagem, recomenda-se a confirmação de resultados de teste positivos, devido à baixa prevalência de infecção em gatos saudáveis e à possibilidade maior de ocorrência de resultados de teste falso positivos.

Resultados de ensaio ELISA falso negativos podem ocorrer no primeiro mês após a exposição, antes que se consiga detectar vírus suficiente no sangue periférico. Gatos com teste negativo dentro de 30 dias de uma possível exposição ao vírus devem ser retestados de 1 a 2 meses depois.

 

TRATAMENTO E PROGNÓSTICO

Gatos com infecções oportunistas e linfoma podem ser tratados com sucesso com o uso de medicamentos e tratamentos auxiliares usados para gatos que apresentem teste negativo de FeLV. Agentes antivirais e imunomoduladores demonstraram benefício limitado para tratamento de gatos com infecções por FeLV. Desfechos benéficos foram relatados em gatos infectados após tratamento com o IFN-α recombinante humano oral em baixa dose. O AZT não apresentou um desempenho tão bom para o tratamento de gatos doentes com infecções por FeLV como ocorreu com as infecções por FIV. O raltegravir é um medicamento promissor para o tratamento de infecção por FeLV in vitro, porém estudos in vivo são necessários.

Gatos infectados com FeLV devem permanecer em ambiente fechado para prevenir a disseminação da infecção para outros gatos e minimizar a exposição dos gatos infectados a outros patógenos oportunistas, e não devem ser dadas dietas com alimentos crus. A sobrevivência pode ser prolongada em ambientes com baixo estresse, assim, o oferecimento de espaço, caixas de areia adequadas, controle de coinfecções e uma dieta adequada são importantes. A vacinação deve preferivelmente ser feita com vacinas inativadas para vírus respiratórios e panleucopenia. Alguns gatos infectados com FeLV podem não responder à vacinação.

Os tempos de sobrevivência variam, dependendo do estágio da infecção, imunidade do hospedeiro e da cepa de FeLV envolvida. Contudo, virtualmente, todos os gatos que estejam progressivamente infectados com FeLV morrem como consequência de uma doença relacionada ao FeLV dentro de 5 anos a partir do diagnóstico. Muitos gatos infectados progressivamente, especialmente gatos adultos, podem viver por vários anos com uma boa qualidade de vida, assim, a eutanásia não é recomendada com base somente em um teste de FeLV positivo.

VACINAS PARA FELV

Foto de gato sendo vacinado por uma veterinária e sua assistente.

Existem várias vacinas disponíveis para prevenção de infecção por FeLV. Nenhuma vacina oferece 100% de proteção contra a infecção por FeLV, e mesmo quando ocorre proteção contra infecção progressiva, infecções regressivas ainda ocorrem após o desafio. No entanto, a vacinação pode proteger gatos da infecção progressiva por FeLV, portanto, ela é indicada para todos os gatos que estão em risco de infecção. Duas doses são administradas com 3 a 4 semanas de intervalo, a partir de 8 a 9 semanas de, idade, seguidas por um reforço com 1 ano e depois disso, a cada 1 a 3 anos.

Fonte: Zoetis

Leave a Reply

Your email address will not be published.